Hoje em dia, todo mundo é influenciador de alguma forma – seja aquele amigo que te convence a maratonar uma série ou o colega que sempre tem uma dica infalível de restaurante. Mas, no ambiente corporativo, isso vai muito além de likes, “diquinhas” e compartilhamentos. O papel dos influenciadores internos está cada vez mais indispensável, não só para fortalecer a comunicação com colaboradores, mas também para gerar resultados concretos para os negócios. Não é por acaso que empresas como a Bayer e Unilever, que já perceberam o poder dessas vozes, estão conferindo a elas um protagonismo cada vez maior dentro das suas estratégias de comunicação.
Vamos combinar que é muito mais fácil falar abertamente com um colega do que com o chefe. E é justamente aí que os influenciadores internos ganham força, sendo as vozes mais autênticas e confiáveis na comunicação com colaboradores. Além disso, não dá para ignorar a presença do Brasil nas redes sociais – somos o terceiro país que mais usa essas plataformas, com 150 milhões de brasileiros online todos os dias, segundo a NordVPN, provedora de serviços de segurança na internet. Com tanta gente conectada, cerca de 69% das organizações já estão investindo em influenciadores internos, segundo a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), mostrando que esses programas estão crescendo com tudo.
Quer mais um dado interessante? Um levantamento da P3K Comunicação mostra que os influenciadores internos estão ganhando cada vez mais espaço também nas comunicações externas. Hoje, 43,80% das empresas já incentivam seus colaboradores influenciadores a engajar também com o público externo, principalmente no LinkedIn.
O poder da influência
Hoje, com a enxurrada de informações que os colaboradores recebem todos os dias, a comunicação interna não pode ficar no básico se quer conquistar a atenção deles. É preciso criar algo que realmente conecte as pessoas, em vez de apenas transmitir dados. E é aí que os influenciadores internos entram em cena, humanizando a comunicação no papel de porta-vozes da marca. Afinal, quem melhor do que eles, que conhecem a empresa por dentro, para gerar conteúdo relevante? Não tem escolha melhor, já que essa proximidade gera conexões muito mais significativas do que qualquer e-mail ou informe.
Como bem destaca Thiago Massari, líder de Comunicação Integrada da Bayer, os “baynfluencers”, nome dado aos influenciadores internos da empresa, desempenham um papel crucial nisso, trazendo as vivências e percepções dos colaboradores de forma genuína. O resultado é uma comunicação mais próxima, que gera empatia e aumenta o engajamento entre os colegas. E o segredo está justamente no fato de que quem cria o conteúdo entende a empresa. Isso faz com que os influenciadores internos tenham uma credibilidade muito maior. “Essa abordagem mais próxima e aberta permite que as experiências e os sentimentos dos colaboradores sejam refletidos de maneira genuína na comunicação, resultando em mensagens menos frias e pasteurizadas”, reforça Thiago.
Na Unilever, o time de U-Fluencers segue esse mesmo caminho, buscando criar uma conexão mais profunda com a audiência. Segundo Vinicius Araújo, líder de Cultura e Marca Empregadora, a estratégia de conteúdo vai além da rotina de trabalho e abrange até os rituais pessoais e familiares dos colaboradores para gerar uma identificação ainda mais significativa. “Compartilhar rituais e a rotina de vida, inclusive familiar, é uma forma de gerar uma conexão emocional genuína e trazer mais identificação para quem acompanha os U-Fluencers”, explica.
Benefícios tangíveis
Naturalmente, os influenciadores internos não só fortalecem a comunicação, mas também amplificam valores importantes às organizações, como diversidade e inclusão, garantindo que a representatividade esteja sempre presente no diálogo com o colaborador. Por serem as vozes mais próximas, eles ajudam a construir uma imagem mais real e dinâmica da empresa, refletindo – inclusive – as localidades e contextos em que ela atua. Nas palavras de Thiago Massari, em organizações complexas e globais, as redes de influência são fundamentais para garantir engajamento e alinhamento em temas estratégicos. “Eles também trazem a perspectiva e os desafios dos colaboradores, amplificando os diferentes sotaques que existem dentro da companhia”, destaca o especialista, reforçando o valor da representatividade.
Mas os benefícios de programas como esses, focados nos influenciadores internos, vão muito além de uma comunicação mais empática. Os influencers ajudam a fortalecer a cultura organizacional e consolidar a imagem da marca, tanto dentro quanto fora da empresa. Ao conectar os valores das empresas com o dia a dia dos colaboradores, os programas reforçam comportamentos e geram mais engajamento. “Pessoas se conectam com pessoas. Os baynfluencers têm nos ajudado a consolidar a imagem positiva da marca e a fortalecer a nossa cultura, promovendo e reforçando os valores”, complementa Thiago.
Orgulho de pertencer
Além disso, os influenciadores internos também fazem toda a diferença nos resultados estratégicos das empresas, fortalecendo não só a cultura e a comunicação, mas também o senso de pertencimento entre os colaboradores. E quando há orgulho de pertencer, o trabalho ganha outra energia. Vinicius Araújo, da Unilever, sublinha que eles são essenciais para transmitir os valores da organização de um jeito muito mais autêntico e conectado com o público. O resultado? Um reforço significativo na marca empregadora. “Essa estratégia contribui não só para o crescimento do negócio, mas também para mostrar a expertise da Unilever e divulgar as nossas iniciativas.”
Inspiração, engajamento e comunicação aberta são três grandes impactos que os influenciadores internos trazem e que reverberam por toda a organização. Motivados pelos colegas influencers, os colaboradores se sentem mais à vontade para compartilhar suas experiências de trabalho de forma natural, inclusive nas redes sociais. Foi o que rolou no Festival HackTown, onde a Unilever marcou presença com a Garagem Unilever, seu hub de inovação. Durante o evento, os talentos que estavam lá abraçaram o movimento e produziram conteúdos ao vivo, direto do local. E isso, claro, não aconteceu por acaso.
Nesse cenário de autenticidade e impacto, outro dado interessante, citado pelo líder de Cultura e Marca Empregadora da Unilever Brasil, mostra como a influência entre colegas é realmente potente. Segundo o LinkedIn, os usuários da plataforma têm três vezes mais chances de confiar nas informações compartilhadas pelos funcionários do que nas divulgadas por CEOs ou pela própria empresa. E quando essa conexão é bem construída e explorada, a atuação dos influenciadores internos se torna determinante, proporcionando resultados bastante significativos. Vinicius cita alguns exemplos que demonstram esse impacto, como a promoção de programas de entrada, como o de estágio; a disseminação do modelo híbrido de trabalho, o híbridUs; e até o lançamento de marcas de consumo, que ganham força com o apoio deles.
Resultados concretos
Na Bayer, o programa Baynfluencers começou pequeno, como piloto em 2022, com quatro colaboradores que já tinham experiência no digital. No ano seguinte, a segunda geração explodiu, com mais de 60 inscritos e nove influenciadores selecionados para criar conteúdos para LinkedIn, Instagram, TikTok e canais internos. E o impacto foi grande.
Segundo Thiago Massari, líder de Comunicação Integrada da Bayer, houve um aumento de mais de 33% nas impressões no LinkedIn e resultados expressivos em campanhas internas. Um exemplo foi o vídeo da baynfluencer Aline Rodrigues com dicas para aproveitar o carnaval com segurança, que garantiu 50% de todos os cliques no boletim da empresa.
Experiência marcante
Engenheira de Planejamento de Manutenção e Supply Chain, Aline conheceu o programa através da intranet e logo se interessou. Inspirada pelo colega Gustavo Fontes, que já fazia parte da primeira geração, ela decidiu que queria fazer parte da próxima turma e compartilhar sua rotina com o público. A experiência, desde então, foi marcante. “Durante o programa tive a oportunidade de explorar minha criatividade e me sentir motivada a criar conteúdo que se destacasse e gerasse engajamento. Cada desafio me incentivava a pensar fora da caixa”, conta.
Entretanto, engana-se quem acha que os benefícios ficam só para a comunicação ou para os negócios; eles também são bem reais para os influenciadores internos, e Aline é prova disso. Além de ganhar visibilidade, o programa deu aquele empurrãozinho na sua carreira, como ela mesma destaca. “Essa experiência foi uma verdadeira imersão no nosso negócio: aprendi mais sobre os produtos, conheci diferentes áreas da empresa e ganhei confiança para promover a marca”, afirma, citando as habilidades que desenvolveu ao longo do programa.
Até hoje, Aline sente os efeitos dessa participação. Muita gente a procura para saber como é trabalhar na Bayer, e ela percebe que conseguiu transmitir bem a sua vivência na empresa. Seus colegas já a consideram uma referência e vão direto nela para saber as novidades. “No final do ciclo, recebi muitos feedbacks positivos sobre minha participação. Essa experiência não só melhorou minha comunicação e expandiu minha rede de contatos, como também me ajudou a fazer novos amigos. Foi incrível.”
Abrindo portas
Na Unilever, a realidade é semelhante. O programa de influenciadores internos, batizado de U-Fluencers, começou em 2020, com a ideia de transformar os colaboradores em porta-vozes da marca, mas de uma forma natural e autêntica. Desde então, o programa só cresceu, ganhando cada vez mais espaço dentro da empresa. De acordo com Vinicius Araújo, a iniciativa não só ajudou a humanizar a comunicação, como também se tornou uma ferramenta poderosa para fortalecer a cultura organizacional e conectar as pessoas. “Os U-Fluencers compartilham mensagens que refletem a nossa cultura e temas ligados às suas áreas, abordando desde equidade, diversidade e inclusão até a transformação digital”, exemplifica.
Para os influenciadores internos, por sua vez, o programa abre portas para mais conversas, conexões e desenvolvimento de habilidades de comunicação, além de conferir visibilidade dentro e fora da empresa. “Eles ganham a chance de aprimorar a escuta ativa e se comunicar com diferentes públicos, o que impacta diretamente o crescimento profissional”, explica Vinicius. E no fim das contas, não se trata apenas de influenciar. É sobre transformar a comunicação em algo genuíno, fazendo com que cada colaborador se sinta parte da jornada.
por Priscila Perez
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