Estresse, ansiedade e burnout são alguns dos problemas enfrentados pelos colaboradores quando a toxidade no ambiente de trabalho se sobrepõe ao bem-estar. Sem uma cultura que priorize as pessoas, não há remédio que cure essa doença chamada “pressão por resultados”. É aí que entra a comunicação interna como um EPI (Equipamento de Proteção Individual) indispensável para o colaborador e sua saúde mental. Ao fomentar o diálogo, a escuta e o compartilhamento de informações, ela constrói e aprofunda as conexões entre os times, combatendo a desinformação que tanto gera ansiedade entre as pessoas. A transparência é, portanto, a chave para a saúde mental, e tudo começa com uma boa comunicação interna.
Para Maria Carolina Lourenço Gomes, diretora-executiva de Pessoas, Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a comparação é bastante apropriada. No papel de EPI, a comunicação interna atua de forma preventiva e protetora, garantindo a saúde mental dos colaboradores. “Falar sobre o autocuidado e encorajar nossos colaboradores a buscarem ajuda e orientações, além de estimular a construção de relações mais saudáveis, são estratégias essenciais para contribuir para a redução do estresse”, observa a porta-voz do Hospital Oswaldo Cruz.
Comunicação interna e saúde mental
Mas o desafio não é simples de ser remediado, especialmente quando algo tão pesado se torna parte da rotina das pessoas. Para se ter ideia, no ano passado, 63% dos brasileiros sofriam de ansiedade, 37% enfrentavam estresse severo e 59% apresentavam quadros de depressão. Os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) servem de alerta para o quanto é urgente e necessário abordar a saúde mental no ambiente de trabalho – e, nesse contexto, o papel da comunicação interna se torna ainda mais fundamental.
Segundo Maria Carolina, entre os benefícios visíveis provocados pela CI, destaca-se a criação de um ambiente acolhedor e informativo, que promove o diálogo e a escuta ativa, permitindo que os colaboradores expressem suas preocupações sem julgamentos. Ela também combate a desinformação e o estresse, oferecendo suporte e orientação ao direcionar os colaboradores para canais de apoio psicológico.
Além disso, ao abordar abertamente a saúde mental e incentivar o autocuidado, a comunicação interna contribui para uma cultura de cuidado, tornando o ambiente de trabalho mais positivo e saudável. “Uma comunicação interna consciente e intencional sobre saúde mental também serve de apoio para a disseminação das orientações acerca do tema, gerando conhecimento”, observa a diretora-executiva.
Comunicando para o bem
Entretanto, esse “bem-estar” só se torna realidade quando as equipes de comunicação priorizam o tema internamente e assumem esse importante papel de EPI, que não é meramente figurativo. “A comunicação interna pode andar de mãos dadas com os setores especialistas na temática de bem-estar e saúde mental, apoiando o desenvolvimento de pesquisas e espaços para escuta e opiniões dos colaboradores”, complementa Wellido Telles, gerente de Comunicação Interna e Endomarketing da Ânima Educação. Segundo ele, reuniões, rodas de conversa e enquetes, assim como comunicações que promovam a interação com os colaboradores, são essenciais para a construção de um ambiente seguro e favorável ao diálogo.
Dessa forma, a área não só ajuda a dar visibilidade às práticas e políticas das empresas no âmbito da saúde mental, mas também exerce seu valor como EPI ao aplicar práticas ligadas à sua especialidade: falar com o colaborador. Isso se sobressai quando há canais de comunicação acessíveis, o compartilhamento de conteúdos coesos e consistentes, o apoio a ações de engajamento e o estímulo a uma cultura positiva e de respeito.
Nas palavras de Wellido, quando os canais de comunicação interna são acessíveis e funcionais, os colaboradores podem interagir com a empresa por meio de sugestões e até sinalizar situações de incômodo, o que aumenta significativamente a credibilidade do time de CI. Para o porta-voz da Ânima Educação, é essencial ter esses espaços de interação e troca de mensagens, mas só isso não basta para proteger a saúde mental das pessoas. “A comunicação interna deve agir rapidamente para que esses temas sejam analisados pela área responsável por bem-estar e saúde mental”, alerta o executivo. E complementa: “deve-se garantir o melhor encaminhamento possível de forma prática e sensível”.
Mapeamento do colaborador
Nesse contexto, ao dialogar diretamente com os colaboradores, a área ajuda a mapear a realidade da organização sob a perspectiva de quem faz parte dela, identificando suas principais demandas, preocupações e pontos de melhoria. Tomando como exemplo o Hospital Oswaldo Cruz, as pesquisas conduzidas pelo time de comunicação interna são responsáveis por coletar dados quantitativos e qualitativos sobre a percepção dos colaboradores em relação à saúde mental no ambiente de trabalho, o que permite identificar pontos fortes e fracos. “Estimulamos a ‘comunicação não-violenta’ promovendo diálogos abertos e transparentes com respeito nas falas, atitudes e gestos alinhados com o valor de acolhimento da instituição”, frisa a diretora-executiva de Pessoas, Sustentabilidade e Responsabilidade Social, Maria Carolina.
A comunicação interna tem, portanto, o poder – e a responsabilidade – de promover uma cultura de diálogo e escuta ativa, itens fundamentais para a saúde mental de qualquer pessoa. Maria Carolina explica que essa abordagem, além de fazer parte da estratégia de negócio, também está intrinsicamente ligada ao propósito da empresa e à sua agenda ESG. “Por isso, a gestão de gente segue central no planejamento estratégico do Hospital, fortalecendo valores como respeito e cuidado”, finaliza.
Pesquisa e feedback
Suzie Clavery, CHRO Latam da TotalPass, complementa a reflexão, ressaltando que a comunicação interna também pode identificar e resolver problemas por meio de pesquisas “pulse” regulares, canais anônimos de denúncias e promovendo uma cultura que encoraja e normaliza o diálogo sobre saúde mental. “Um bom exemplo disso é realizar pesquisas de clima organizacional e experiência do colaborador, incentivando e facilitando o feedback contínuo”, cita a Head de Recursos Humanos da empresa. Também é importante, segundo ela, levar em conta as necessidades e desejos dos colaboradores na hora de estabelecer os canais de comunicação. “Não adianta fazer o inverso, ou seja, criar os canais que a empresa quer e depois forçar a adoção pelos colaboradores”, adverte Suzie.
Ao compreender as pessoas e suas necessidades, a comunicação não só contribui para o engajamento interno, como também ajuda a reduzir os níveis de estresse, preservando a valiosa saúde mental. Isso acontece quando o time comunica fatos relevantes nos momentos certos, celebra conquistas e marcos importantes – tanto da empresa quanto das pessoas – e, acima de tudo, oferece clareza sobre as expectativas e responsabilidades de cada um. “Também é possível oferecer, através da comunicação interna, oportunidades para feedback e desenvolvimento profissional, além de garantir que os colaboradores se sintam ouvidos e valorizados”, destaca a CHRO da TotalPass, Suzie Clavery.
Excesso de informação x saúde mental
Mas não basta ouvir e dialogar se a comunicação é truncada. No mundo dos dados, o colaborador é atropelado por informações a todo instante, dentro e fora do trabalho. Embora a sobrecarga mental exista, ela pode ser evitada com o objetivo de preservar a saúde mental das pessoas. E nesse cenário, a comunicação interna pode ajudar a combater os excessos. Para Wellido Telles, gerente de Comunicação Interna e Endomarketing da Ânima Educação, o trabalho deve ser baseado em uma estratégia sólida, e não apenas na execução de tarefas.
Isso envolve, entre outras coisas, curadoria de conteúdos, priorização de mensagens, gestão do conhecimento, estruturação de um calendário anual de atividades, exploração de ritos e follow-ups internos, além da definição da governança da comunicação (interna e externa). “Sem uma comunicação interna consistente, valorizada e reconhecida pela organização por sua expertise, infelizmente ocorre o processo de relegar ao setor um papel de mera executora de pedidos, avançando em divulgações solicitadas sem um entendimento adequado das melhores estratégias para se elevar as chances de atingir os objetivos de comunicação”, reflete.
Sem planejamento, a ansiedade por comunicar gera ruído e estressa o público-alvo, passando a sensação equivocada de que o colaborador precisa dar conta de todos os assuntos, de A a Z. Mas bem sabemos que isso é humanamente impossível, levando à sobrecarga mental, como bem explica Suzie Clavery, da TotalPass. “A infoxicação gera estresse e sintomas de degradação da saúde mental. Todos nós hoje sofremos com a quantidade de informação que recebemos de todos os meios 24h por dia.” Nesse sentido, é imprescindível equilibrar a comunicação interna para evitar tanto o excesso quanto a falta de informações. Quando a balança pende para um desses lados, a saúde mental do colaborador sofre, gerando ansiedade, angústia e pressão – e nada disso colaborada com o bem-estar das pessoas.
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