As empresas, assim como os organismos vivos, dependem da sinergia entre suas milhares de células para existir. São múltiplas realidades coexistindo em uma só estrutura, que é substancialmente complexa e que muitas vezes ultrapassa os limites geográficos, estando em vários lugares ao mesmo tempo. Em qualquer que seja a organização, o desafio é justamente esse: promover uma comunicação mais humanizada, acolhedora e acessível a todos, independentemente das distâncias.
Para ir além, empresas como a Petrobras, com 85 mil funcionários espalhados pelo Brasil, têm investido cada vez mais em estratégias para aperfeiçoar e ampliar o relacionamento com seus colaboradores – afinal, lidar com milhares de pessoas exige organização e recursos humanos. Segundo o gerente de Canais de Comunicação Interna da companhia, Bruno Borges Sciammarella, a petrolífera conta hoje com 300 profissionais envolvidos com comunicação e outros 600 com RH. “Somos uma empresa muito diversa e nosso ecossistema de canais de comunicação precisa refletir isso. Temos empregados em todas as regiões do país e até trabalhando em alto mar, a 300 quilômetros de distância da costa, em plataformas.”
É também em razão dessa complexidade na comunicação das marcas com seus colaboradores que existem agências especializadas como a Quintal 22 Comunicação Integrada, que funcionam como hubs de inteligência voltados ao planejamento e gestão da comunicação interna visando o fortalecimento da cultura das empresas com as quais trabalham. Os resultados positivos alcançados por ambas levaram ao reconhecimento de seus esforços no Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores com a conquista dos troféus “Marca Destaque do Ano” e “Agência Destaque do Ano”, respectivamente.
Encurtando distâncias
A tecnologia nesse contexto de pluralidade deu um novo alcance às estratégias de comunicação com colaboradores, encurtando distâncias e aproximando diferentes públicos. Mas nem tudo se resume às plataformas virtuais – por mais que estimulem e facilitem a interação. Débora Baptista, que comanda a Quintal 22 ao lado das sócias Anna Costa e Letícia Tavares, destaca que a comunicação, assim como a própria sociedade, evoluiu muito nos últimos anos impulsionada pelo avanço da tecnologia, mas nem sempre os canais digitais são a única solução para lidar com a pluralidade de pessoas dentro das empresas. “O digital ganhou força, mas em alguns espaços os canais convencionais são muito efetivos, pois os times de campo podem ter acesso mais rápido à informação. O que pode, ou não, ocorrer com os profissionais das fábricas, por exemplo, onde o bom e velho mural é, muitas vezes, o canal mais eficiente”, pontua.
Para Débora, o ponto de partida para conectar empresa, lideranças e colaboradores é planejar a comunicação por meio de um diagnóstico preciso que identifique o tom de voz mais adequado, os canais a serem utilizados e as métricas para a mensuração dos resultados. Esse processo de onboarding do cliente, no caso da agência, possibilita que os canais de interação e a forma de levar a informação aos colaboradores sejam continuamente aprimorados. “Nosso propósito é criar relações de valor com as pessoas, sejam elas colaboradores, clientes, fornecedores, investidores, mídia ou comunidades”, resume a sócia-diretora da Quintal 22, que hoje conta com mais de 38 colaboradores fixos e 15 anos de experiência no mercado. A agência, destaca Débora, nasceu do sonho das três comunicadoras em apoiar as empresas no desafio de contar boas histórias, planejar o futuro da comunicação e engajar os mais diversos públicos.
Proximidade com o colaborador
E as boas histórias, como Débora citou, começam a ser contadas assim que o colaborador passa a fazer parte do time. Essa proximidade, quando é cultivada desde o início, tem o poder de contagiar uma companhia inteira, a exemplo do que aconteceu recentemente na Petrobras. A petrolífera, que também venceu na categoria “Employee Experience”, foi destaque na premiação por colocar em prática o tão necessário engajamento já no início da jornada de seus novos colaboradores.
O processo de ambientação, que antes era mais informativo, tornou-se uma experiência inovadora de boas-vindas, com visitas a laboratórios de pesquisa, exposições imersivas e virtuais, bate-papo com convidados de diversas áreas da companhia e rodas de conversa – para que os novos empregados, cerca de 700 pessoas que tinham acabado de chegar, pudessem compartilhar suas múltiplas histórias de vida. A proposta, segundo Bruno Borges, era proporcionar uma ambientação leve, relevante e memorável. “A ideia era criar um momento ‘uau’ para eles. Muitas áreas da empresa se dedicaram ao projeto, incluindo vários gestores, motivados com um propósito comum: gerar uma experiência única e um onboarding acolhedor para quem estava chegando”, relembra.
Ação e reação
Esse é o primeiro de muitos desafios que uma empresa com a dimensão da Petrobras enfrenta na hora de se comunicar e acolher um colaborador. Também entram nessa equação os impactos gerados por notícias na imprensa que influenciam diretamente o clima organizacional. A relação funcionário, empresa e mercado precisa ser pensada estrategicamente, de forma integrada, para que a comunicação se torne mais ágil, transparente e próxima dos colaboradores, principalmente quando os assuntos têm potencial de repercussão externa.
O desafio, aponta Bruno, é justamente esse: evitar que assuntos mais críticos cheguem ao funcionário pelos jornais, quando o ideal seria transmiti-los pelos canais internos. “Notícias sobre a companhia estão sempre nos noticiários e despertam reações diferentes, muitas vezes opostas, entre empregados e investidores. Notícias sobre preço de combustíveis e desinvestimentos, para citar dois assuntos bem frequentes nos últimos meses, impactam nossas ações na bolsa, enquanto também despertam discussões apaixonadas e acaloradas nas redes sociais e na imprensa. E tudo isso impacta diretamente os empregados, que muitas vezes são também investidores, comunidade de entorno, consumidores etc.”
Transparência na comunicação
Débora Baptista, da Quintal 22, complementa adicionando à equação o papel dos líderes comunicadores dentro das empresas, que são fundamentais para o engajamento de seus times. “Se eles não estiverem preparados para atuarem como comunicadores, a empresa certamente vai enfrentar problemas de clima, de falta de alinhamento e até mesmo de produtividade.” O líder, nesse contexto, além de ser um grande transmissor dos valores e da cultura da corporação, garante que as informações mais críticas sejam transmitidas aos seus colaboradores de forma mais clara e assertiva, com toda a transparência e credibilidade que a situação exige.
Nos últimos anos, com a Petrobrás sendo alvo de questionamentos externos, a comunicação interna precisou se reinventar para garantir que todos os colaboradores permanecessem em sintonia. Segundo o gerente de Canais de Comunicação Interna da empresa, Bruno Borges, a confiança dos empregados e a identificação deles com a empresa também foram impactadas. “Entregar informação estratégica e relevante para nossos colaboradores em um cenário de crise é condição essencial para recuperar o engajamento das equipes. Por tudo que passamos internamente, acredito que fizemos um bom trabalho e que seria muito legal ganharmos um reconhecimento, mas não imaginava que fosse agora e desta forma, vencendo como a ‘Marca Destaque do Ano’ na primeira edição do Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores”, celebra. Se antes o momento era de turbulência, o futuro promete ser de inovação com investimentos em comunicação digital, mas sem perder a tão valiosa aproximação entre colegas e gestores. “Aumentar o orgulho dos empregados, reforçando os laços emocionais e, por consequência, aumentando o engajamento com a empresa, é o nosso objetivo para 2023/2024.”
A sócia-diretora da Quintal 22, Débora Baptista, também acredita que o troféu “Agência Destaque do Ano” é a validação do trabalho que vem sendo realizado pela empresa nos últimos anos. “O que nos move realmente é a qualidade da entrega e a sensação de missão cumprida. Quando o prêmio vem, é aquele acréscimo que transborda e nos deixa a todos muito estimulados a sermos ainda mais criativos”, finaliza.