Queda do Whatsapp: centralização da comunicação no app preocupa usuários e empresas

Whatsapp, Facebook e Instagram ficaram mais de 6 horas fora do ar nesta segunda-feira, 4, afetando o acesso de usuários destas redes sociais no mundo todo. Enquanto alguns tiveram suas rotinas de trabalho e comunicação completamente afetadas, outros usuários e empresas já estavam preparados para estes problemas. Eles já haviam migrado anteriormente para outras plataformas, como o Teams, da Microsoft, o Meets, do Google e aplicativos desenvolvidos pelas próprias empresas.

“Utilizamos o Whatsapp semanalmente na comunicação interna da empresa, com uma revista em formato de áudio. Ficar sem o Whatsapp não causou tanto estrago pra nós, porque nossa revista vai ao ar na quinta-feira. Porém, de uma maneira não formal, a empresa toda utiliza o aplicativo para a comunicação entre gestores e funcionários, principalmente aqueles que trabalham em campo”, relata André Degasperi, Head de Comunicação Corporativa para a América Latina da ADM Brasil.

De acordo com o gestor, a estranheza maior surgiu nos funcionários do turno da tarde, que não receberam nenhuma orientação dos cargos de liderança por meio do aplicativo, mas o setor de comunicação da empresa não precisou interferir em nenhum caso.

Porém, o monopólio do aplicativo de mensagens causa preocupação em alguns gestores e diversas empresas consultadas pelo Portal da Comunicação, que já migraram a sua comunicação interna para outras plataformas, como o Microsoft Teams.

“Utilizamos o Whatsapp por ele ter uma maior capilaridade entre os colaboradores, principalmente aqueles que não têm acesso a um computador enquanto exercem a sua função, mas acho importante pensarmos em outros aplicativos e não produzirmos conteúdos que fiquem reféns das plataformas”, reforça Degasperi.

Prejuízos financeiros

Segundo dados da Bloomberg, Mark Zuckerberg, diretor-executivo do Facebook, viu sua fortuna cair mais de 6 bilhões de dólares enquanto as redes sociais estavam fora do ar, perdendo a posição de quarto mais rico do mundo. O Facebook passa também por uma crise de imagem, após uma ex-funcionária relatar ao canal americano CBS News que a empresa sabia dos danos que causava, mas sempre colocou o lucro em primeiro lugar.

No Brasil, o Procon-SP divulgou nesta terça-feira, 5, que vai notificar o Facebook pela prestação deficiente do serviço que gerou prejuízos aos usuários. Os consumidores foram orientados a aguardar uma resposta da companhia ao órgão, que pode se manifestar novamente, caso julgue que a responsabilidade por eventuais danos morais e materiais foi exclusivamente da empresa e aplicar uma multa de até R$10,7 milhões ao Whatsapp Brasil.

Problemas técnicos

Segundo o Facebook, empresa dona das três plataformas, a pane aconteceu por uma falha interna durante alterações em suas configurações que coordenam o tráfego de dados. Os três aplicativos já sofreram instabilidade antes. Em junho, as plataformas ficaram mais de 2 horas instáveis. Em 2019, falhas no sistema deixaram as plataformas 14 horas sem funcionar corretamente.

Após a queda das redes sociais do Facebook, outras plataformas também apresentaram instabilidade devido ao grande número de acessos. Usuários relataram lentidão nos serviços do Telegram, Twitter, TikTok, entre outros. Pavel Durov, fundador do Telegram, sinaliza que o aplicativo registrou 70 milhões de novos usuários durante a pane do concorrente.

De acordo com Alberto Azevedo, especialista em segurança da informação e CEO da CYB3R, as falhas em plataformas digitais são comuns, podendo durar desde alguns minutos até horas. Porém, neste caso o problema foi além da indisponibilidade dos serviços e dos servidores, pois “o Facebook ficou literalmente fora da internet”.

“O BGP é um protocolo de borda, sua função é basicamente construir um sistema autônomo que se entrelaçam a outros sistemas BGPs e provê o ‘pavimento’ para que se construam redes interconectadas como a internet. A indisponibilidade de hoje no Facebook se deu porque a rede social fez uma série de alterações em seus sistemas BGP que basicamente retiraram seus próprios servidores da internet”, explica Azevedo.

 

Fonte: www.portaldacomunicacao.com.br

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